INDISCRIÇÕES DO MÁRMORE



Perece em prece a brasa em fim de tarde
De fogo, ocasos do lugar comum.
A brisa, convidada, não quer rum
E alguém gargalhará, “Qual é, covarde?”.

Estátuas contemplando sem alarde
Vagão fantasma de Lugar-algum
Chegar a Nada, ali onde nenhum
Sentido faz a prece a quem a aguarde.

A tarde evoca um sonho que agoniza
Nos becos da cidade – há no seu porto
Cargueiros duma rota algo imprecisa.

A noite logo pesa, eu não me importo
Se o mármore reclamará da brisa
Ou se alguém percebeu que estou bem morto.


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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 16/05/2016
Reeditado em 10/06/2016
Código do texto: T5637315
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