Transparecendo-me

Em cada passo dos meus andares busco conhecer-me,

Por entre estradas de pó dos meus eus e os seus egos,

E a chuva de anseio de minha alma goteja a verter-me,

Fixada em mim, de mim não se desprendem os pregos.

Cada segundo que me acomete; sou novidade em mim,

Singro na dianteira, o que levo é carga somente minha,

Frequento por entre os ventos de tantos cheiros enfim,

E misturo-me às pétalas do meu vestido que me alinha.

Eu sou corpo, sou pele em arrepio, até superficialidade,

Às vezes imo e alma, pois imirjo na minha profundeza,

Às vezes engulo às vezes engolida, pudim sobre a mesa.

E nas redondezas de mim, coisas baldias têm tonalidade,

Às vezes me bulinam, nas rédeas de mim faço endereço.

Transparecendo-me, da vitrine do coração ao seu avesso.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 13/05/2016
Código do texto: T5634279
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