Transparecendo-me
Em cada passo dos meus andares busco conhecer-me,
Por entre estradas de pó dos meus eus e os seus egos,
E a chuva de anseio de minha alma goteja a verter-me,
Fixada em mim, de mim não se desprendem os pregos.
Cada segundo que me acomete; sou novidade em mim,
Singro na dianteira, o que levo é carga somente minha,
Frequento por entre os ventos de tantos cheiros enfim,
E misturo-me às pétalas do meu vestido que me alinha.
Eu sou corpo, sou pele em arrepio, até superficialidade,
Às vezes imo e alma, pois imirjo na minha profundeza,
Às vezes engulo às vezes engolida, pudim sobre a mesa.
E nas redondezas de mim, coisas baldias têm tonalidade,
Às vezes me bulinam, nas rédeas de mim faço endereço.
Transparecendo-me, da vitrine do coração ao seu avesso.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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