Soneto do Desperdício
silencio as mãos e a boca e o grito
que vem do canto benigno das entranhas
atiçado no fulgaz brilho das tuas manhas,
arrasto o coração pela borda desse mito
pelos padrões ressonantes do conhecido
coreografo o recuo da impulsão mordaz
ante a lâmpada hipnótica que atrai e apraz
o doce alucinatorio de um mel proibido
o vicio evidente escorre para as valas
tento inutilmente reter todas as águas
na tortuosa tarefa de limitar o infinito
sangro cores pálidas da réstia da libido
que de tanto jorrar em vão perdem o viço
de serem mais quentes que todas as lavas