O DUPLO

O DUPLO

Um perfeito velhaco! Muito sério,

Com todos sempre tão cerimonioso...

Aquele que, ao menor toque, receoso

É tido por formal ou mesmo aéreo.

Com certeza o envolvia algum mistério,

Um vago não-sei-quê... Algo insidioso.

Visto que -- e n'isso tinha certo gozo --

Guardasse sempre pronto um vitupério:

Súbito, chispas de ódio tem no olhar

E ai de quem enfrentasse seu mau gênio!...

Em roda d'outros, como n'um proscênio,

Punha-se, desbocado e alto, a altercar.

Burla que ele aplicava em todo incauto,

Jamais d'ele esperando sobressalto.

Belo Horizonte - 01 04 2001