MIGO-COMIGO

MIGO-COMIGO

Costumava falar por aí sozinho,

Mesmo que parecesse uma loucura.

Não nego tão excêntrica postura,

Embora a olhe como algo comezinho.

Se às vezes do silêncio me avizinho,

Atravessando-o errático à procura,

É por verbalizar na noite escura

Meus segredos às sombras do caminho.

Dir-se-ia uma espécie pleonasmo:

Estar migo-comigo, ou seja, ouvir-me

Falar de quanto penso ou mais me afirme

Chamem do que quiserem, que o marasmo

Nunca me há-de alcançar na solidão,

Quando em voz alta fala o coração.

Belo Horizonte - 10 05 2005