SAARA - soneto nono
IX
--"Eu, mulher do deserto, sou quem anda
Por abismos e dunas em jornada
Infinda, n'essa terra desolada,
Que é minha vida sórdida e nefanda."
"Na Torah, nos terreiros sãos de Umbanda
Sou a entidade e força que, esfaimada,
Devora homens e os lança para o nada,
Vagando alhures com loucura branda..."
"Não os mato, tão-só os esvazio.
Tiro-lhes toda a fé, esp'rança e amor
E deixo-os quando não têm mais valor."
"À noite, eu me transformo em vento frio.
Roubo-lhes sono e sonhos p'ra que, sós,
Amem eternamente à sua algoz!"
* * *