SAARA - soneto oitavo

VIII

É tempestuosa a fúria, grande o dano

Do Esp'rito do Deserto que se eleva

Dos abismos da mais profunda treva

E atravessa o mar com areia e engano.

O siroco, que resseca ao sol romano,

Também pelos confins da Terra leva

A aridez do deserto e a dor longeva

De quem lhe enfrenta o mal ano após ano.

Com que hei-de comparar os fortes ventos,

Senão co'a mulher, cujos maus momentos

Constrangem p'las ofensas sem limites?...

Sua ira não se aplaca sequer diante

Do amor mais puro e raro do expectante,

Que espera, vê e sofre nunca quites.

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