SONETO DOS TRAÇOS

Eu quis te desenhar fora da mente
num caderno sem pautas que mantenho.
Dir-te-ei nestes traços que não tenho
engenho & arte a mão ora não mente.

Mesmo assim vejo neles belamente
esta maior vontade com empenho
de tocar-te melhor, vivo desenho,
pois és imensurável, concernente

com algo que me põe maior que sou,
só que a dor da distância e tal lonjura
aumentam a tristeza e profundura.

Não é como uma chave virando ou
algo que abre esta porta na procura
de erguer o coração em nobre cura.