Pobreza do ser

Possui asas, sem a menor vontade de alçar vôos,

Possui boa visão, mas bitola-se a uma mesmice,

Tem um leque de tudo, mas por dentro, enjoos,

Tem o mundo de adulto, mas opta por criancice.

Tem uma vida remediada, mas de tudo reclama,

O otimismo e a fé não fazem parte do seu léxico,

Não sabe o que é amar, não aquilata quem o ama,

Aparência rechonchuda com o espírito anoréxico.

Perante cama, mesa e banho, diz que vai embora,

Usufrui de tudo que há e diz que Deus não existe,

Prende os seus pássaros, mas sequer lhe dá alpiste.

Com pensamento solto pedindo poesia, ele chora,

O dinheiro é a causa maior e só isso lhe faz feliz,

Morre de sede; sentado ao léu a beira do chafariz.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 05/05/2016
Código do texto: T5626138
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