Pobreza do ser
Possui asas, sem a menor vontade de alçar vôos,
Possui boa visão, mas bitola-se a uma mesmice,
Tem um leque de tudo, mas por dentro, enjoos,
Tem o mundo de adulto, mas opta por criancice.
Tem uma vida remediada, mas de tudo reclama,
O otimismo e a fé não fazem parte do seu léxico,
Não sabe o que é amar, não aquilata quem o ama,
Aparência rechonchuda com o espírito anoréxico.
Perante cama, mesa e banho, diz que vai embora,
Usufrui de tudo que há e diz que Deus não existe,
Prende os seus pássaros, mas sequer lhe dá alpiste.
Com pensamento solto pedindo poesia, ele chora,
O dinheiro é a causa maior e só isso lhe faz feliz,
Morre de sede; sentado ao léu a beira do chafariz.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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