SAARA - soneto terceiro

III

Tombo exausto nas dunas. Tão fundo!...

Vejo as minhas pegadas sobre a areia

E observo quão estranho cambaleia

O andar de quem às costas traz o mundo.

Quedo à beira da estrada, longe oriundo,

Co'o corpo e mente entregues ao que anseia

O coração. Porém, em vão semeia

D'amor todo o deserto, que infecundo.

E louco, como um deus, carreguei vidas.

Foi o amor que, apesar das despedidas,

Trouxe-me a este deserto de areia e pó.

E, se outras pegadas seguem logo em frente,

O andarilho há-de tombar, imprevidente,

Diante da condição de ser e só...

* * *