EVASIVIDADE

Por onde o piso é menos gasto, vou;

Pelas adjacências, pelas vielas,

Eu entro pelas frestas das janelas;

E durmo nos cantos, com o que me restou.

Jamais alço a voz. Jamais! Nunca grito;

Fujo da luz mui forte e dos olhares,

Pois que, sorte seria se os ares...

Me ocultassem de todos os mitos.

Não sou invisível, pois a transparência

Não me coube. Pena! Mas, a discrição

Tem efeito similar, acredito.

Como um ser cavernoso e sem chão

Vou procurando minha aparência,

Temendo a encontrar nos meus escritos.