COUSAS INESPERADAS

Soneto feito em 1974.

Deixa-me ó triste rancor que me importuna

Deixa-me pois de mim não possuirás nada

Deixa-me pois de mim tirou a fortuna

Por não deixar amar a alma abandonada.

Deixa-me ó triste solidão tão noturna

Dos soluços nas noites desesperadas

Que ficaram tão quietos dentro d’uma urna

De rancores e cousas inesperadas.

Sentir rancor, por ti não conseguirei

Pelo tanto que já possuo sem querer

E o que na vida chorei e lamentei

Esta sorrindo agora do que passou

E o tal sorriso abalou este meu viver

Que até hoje não descobri quem eu sou...