Novos ares

Às vezes paro na porta de mim e me assento a pensar:

_O que será que irei encontrar após descer os degraus?

Fico ali absorta com o sol quase no meu pé a me tocar,

E um vento lá adiante nas águas tocando aquelas naus.

Dou passos adentrando na varanda do meu pensamento,

Sinto que a brisa já vem tirando a poeira, dando conforto,

E um cheiro de mofo passa por mim em desprendimento.

Aquelas coisas de mim sem viés, aquele lance meio torto.

Um sopro do vento se amorna ao sol, respiro novos ares,

Permito-me mais um passo e sinto seiva de restauração,

Desço mais um degrau e já no quintal é aliviada a tensão.

É; às vezes paro na porta de mim; e sinto os meus olhares,

Deveria me jogar, sei que é exatamente disso que preciso,

Quando faço isso careço respirar, por dentro chove granizo.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 02/05/2016
Código do texto: T5623381
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