Hematomancia

O sangue cachoeirava do pescoço

Do touro que jazia sobre o altar,

Corria tal qual cobra a deslizar,

Caía do concreto adentro o fosso,

Pingava no dourado capilar,

Tingia a bronzeada tez do moço,

Formava poça ao chão do calabouço

Do ascetério, de Apolo o sacro lar.

Em tinta rubra e lôbrega tornou-se,

Mostrando então na areia, como em tela,

Imagem agourenta que o deus trouxe:

Seio estufado, sorriso iracundo,

Um pé em Bactra, o outro firme em Pela:

Macedônia engolindo todo o mundo.

Felipe Tavares Teixeira
Enviado por Felipe Tavares Teixeira em 02/05/2016
Reeditado em 02/05/2016
Código do texto: T5622937
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