Inverno (1)
Edir Pina de Barros
 
Não vejo mais o sol, em nossos dias,
nem lumes de esperanças. Fez-se eterno
o breu  das horas mortas desse inverno,
com ledas neves leves, alvadias.
 
Nem céus azuis – os reinos das harpias –
porque tudo, entre nós, tornou-se inferno
e agora aqui, tão só, versejo e hiberno,
no colo dessas noites tão sombrias.
 
E  neve cai nos íntimos espaços,
nos vãos de tantas dores e cansaços,
nas horas noturnais, sem primaveras.
 
Ah! Se eu pudesse, amor, conter o gelo,
desfiaria a dor com muito zelo
e teceria, sim, novas quimeras.
 
Brasília, 02  de Maio de 2016.

Lira insana, 2016: pg. 62
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 02/05/2016
Reeditado em 05/09/2020
Código do texto: T5622795
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