noites
~~
dão-me à face as noites um tom azedo;
à que vela, que dilui nela o escuro
erosivo dos sonhos sem futuro..
quand'opresso por tentáculos de medo.
viúvas, mudas, turvas, dão-se ao segredo.
são de xailes e penumbras um muro,
entre sonhos; são de voz e lábio duro,
e juízas; editais do meu degredo.
as noites mordem a luz que'ainda resta.
aos vultos, ébrios, súcubos, em festa,
traduzem a alva língua dos meus sonhos.
ah, as noites! tredas, malditas noites!
rasgam a carne, aram como açoites,
e até os dias d'oiro, d'âmbar, são tristonhos!
~