A semente do instinto

Todo aroma e perfume, almíscar e lavanda;

toda peça de prata argêntea e diamante;

todo canoro som da voz mais triunfante;

toda brandura, enfim, que a seda mais demanda:

a cor, a substância, a melodia branda

entorpecem o Senso e fazem que levante,

vinda do abismo largo e estranho, bem distante,

a consciência o prazer, que até a razão desanda.

Todo humano labor não conquista morada

no espírito, onde há dor e miséria aviltada,

onde germina o grão jamais da alma extinto.

O ressequido grão, tão fétido e abjeto!...

Que pode mascará-lo? A cor, a forma? Exceto

a morte, nada acalma o torpe humano instinto.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 01/05/2016
Reeditado em 01/05/2016
Código do texto: T5621779
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