Soneto do Oblivião
Sinto-me a faca que nunca corta,
O silêncio que muito incomoda,
A janela que nem serve de porta,
O jardineiro que não faz a poda.
Uma sucessão de erros inteiros,
Sinto incriminado pelos espelhos,
Não acho a palha nos palheiros,
Nem sinto mais os meus artelhos.
Palpitante, sigo sendo nefasto,
O medo da solidão exordial,
Enorme igual o horizonte vasto.
Sinto me incomodado e casto,
Um sebasto a voar no vendaval,
A lacuna do esquecimento fasto.