Soneto para Dostoiévski

Passado das mais torpes abjeções,

sob as quais meu subsolo construía;

na mente, o pensamento em romaria

entulhava-me a vida de ilusões.

Idéias de um futuro, as tentações...

Pobres casas, tão falsa companhia!

E a noite branca sempre n'alma abria

o amanhã dos mais vis napoleões.

Minhas roupas surradas, meu tugúrio!

Onde foi que depus minha machada?

A água do herói reflete o frio vilão.

Como flagela-me este sonho espúrio!

Meu ideal morreu sem dizer nada.

Pior verme é o que rói o coração.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 25/04/2016
Reeditado em 25/04/2016
Código do texto: T5616341
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