Soneto para Dostoiévski
Passado das mais torpes abjeções,
sob as quais meu subsolo construía;
na mente, o pensamento em romaria
entulhava-me a vida de ilusões.
Idéias de um futuro, as tentações...
Pobres casas, tão falsa companhia!
E a noite branca sempre n'alma abria
o amanhã dos mais vis napoleões.
Minhas roupas surradas, meu tugúrio!
Onde foi que depus minha machada?
A água do herói reflete o frio vilão.
Como flagela-me este sonho espúrio!
Meu ideal morreu sem dizer nada.
Pior verme é o que rói o coração.