ABERRAÇÃO
Escancara o que deve ser a boca
Em superabundância de peçonha.
Empesteia o seu pântano e sufoca
O em redor, essa coisa tão medonha.
Expele pela baba que até choca
As mais vis corrupções que à morte sonha
A carne – a decadência não coloca
Ali nem dignidade nem vergonha.
Escorrem dessa coisa repelente
Os ranços da torpeza manifesta
Nos corpos onde a virtude é indigente.
Exulta ao profanar na grossa baba
Os filhos de natura – e em vão protesta
Por afeto – o desprezo nunca acaba.
.