a hora do peito
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às tantas, quando a noite escorre à cova,
quando o melro estala o bico em gorjeios,
acordo a sorrir, à hora dos teus seios,
com boca a arder, com sol, com alma nova.
com fé láctea, sou filho, sou homem,
sou todo lábios, e língua, e dentes,
e espelhas, nos meus olhos, o que sentes,
nos olhos que ora bebem, ora comem,
espelhas ternura, roças prazer,
todo o verniz e o oiro de ser mulher,
e um pouco mais, que não decifrei ainda.
assim, às tantas, sorrindo, bebendo,
sinto o sabor desse amor estupendo
e cada dia, cada noite és mais linda.
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