atro sopro das asas
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no sopro atro das asas da criatura
que paira sobre os restos, sobre as lousas
de muitos, já, já dispersos pelas cousas,
tendo o mundo inteiro por sepultura..
quando o Inverno, a bafos, clareia o cipreste
e a carcaça corvídea fede a um canto
mais negro que o sangue ateu do espanto..
no atro sopro das asas, em era agreste,
eu vi-a, se era ela!... por campas e campas,
mais vulto, dama das caras mais brancas,
com a unha pela cal fria arranhando..
e se o meu peito batia forte, tão forte,
era o seu o hospício calmo da Morte,
um túmulo, no ar líquido flutuando..
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