Jardins do espírito
Botões de flor, potências de alva graça!,
sob a chuva que escorre em meio aos ramos,
e onde efusivos, ávidos, cantamos,
abrem-se em vida, mesmo esta ainda baça.
Seguida a chuva, nada mais disfarça
o belo que perfuma. Agora andamos
todos vivos e, juntos, nós sonhamos
co'a brisa que dos céus leva a fumaça.
Nesses jardins do espírito, ermo escombro,
nascem flores de riso, gosto, assombro...
Chove e os botões afloram na alma tesa.
A água igualmente cai nas várias flores;
porém n'alguns a sorte avulta as dores,
e só rega a água a flor da vil tristeza!...