À nossa caça

E essa constante busca; essa nossa insatisfação,

Esse correr atrás de algo, sempre apetecer mais,

Somos a cada momento um novo ser, a mutação,

Somos teto, somos piso, portas e somos quintais.

Esse nosso navegar em barquinhos balouçantes,

Essa ameaça que corremos a cada vir de mareta,

Emerge das nossas profundezas forças berrantes,

Alguns a chamam: fé; sai de fino da menor greta.

Nosso coração nos diz: logo ali há um porto seguro,

No real do hoje há braçadas utópicas para o depois,

Às vezes somos ninguém, outras vezes somos dois.

Se não cedemos aos percalços, vai abaixo o muro,

Enquanto houver o respirar, haverá ventos risonhos,

Entram e saem, buscam e levam perfumes e sonhos.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 12/04/2016
Código do texto: T5602858
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