Soneto de amor unilateral

Lacedemoniamente, assim te adoro:

Na paz plena de amantes olvidados

Que, tácitos, acedem aos seus fados

De afeto mais pacífico, insonoro.

Não pense que eu precise de cuidados;

Que ao ver-te de soslaio logo coro;

Que aqui tua presença tenha foro.

Esqueça teus palpites tão errados.

Não faz, porém, silêncio amor mais fraco

Que se eu de adulações a ti atacasse

Como quem faz lisonja tosca e rude.

Estimo-te à distância e não me atraco,

Como faria a ti, se te adorasse

O tanto quanto adoro a solitude.

Felipe Tavares Teixeira
Enviado por Felipe Tavares Teixeira em 11/04/2016
Reeditado em 12/09/2022
Código do texto: T5602115
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