O amor diário
Sou feito de uma tristeza que se incrusta em mim,
Como a caspa no cabelo vai moldando o meu dia,
As guloseimas que como são por não viver assim,
No meu dia vou morrendo e escrevendo -já o fazia...
E, enquanto a minha nudez se envergonha lá de fora,
A água do chuveiro vem molhar o xampu e o sabonete,
Que me fazem entender o cheiro do amor da hora,
Depois vem o romance do filme e um colchonete,
Onde ficava na sala assistindo os filmes que vivi,
Como vivi textos e livros, mas agora morro,
Morro dia e noite, morro de manhã, acordo à noite...
Um poema que li por aí, um poema que ouvi,
Esse poema veio e mostrou do que corro,
Corro para que o leitor artista não me açoite...