O amor diário

Sou feito de uma tristeza que se incrusta em mim,

Como a caspa no cabelo vai moldando o meu dia,

As guloseimas que como são por não viver assim,

No meu dia vou morrendo e escrevendo -já o fazia...

E, enquanto a minha nudez se envergonha lá de fora,

A água do chuveiro vem molhar o xampu e o sabonete,

Que me fazem entender o cheiro do amor da hora,

Depois vem o romance do filme e um colchonete,

Onde ficava na sala assistindo os filmes que vivi,

Como vivi textos e livros, mas agora morro,

Morro dia e noite, morro de manhã, acordo à noite...

Um poema que li por aí, um poema que ouvi,

Esse poema veio e mostrou do que corro,

Corro para que o leitor artista não me açoite...

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 10/04/2016
Código do texto: T5601023
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