Notívago
 
Quando a tarde vira noite eu a ponho na cama
No quarto, no sofá da sala para lhe velar
Na vigília do sono que não quer chegar
Abstinência em crise notívaga em plena chama
 
Minhas partes que andaram sozinhas retornam
Ficam em frente a mim para que lhes encare
Para me perguntarem a razão de expulsá-los
E eu, cabisbaixo, não lhes dou resposta
 
Então se dispõem a escrever, se deixa-los
A dizerem absurdos nas suas propostas
Como se eu cedesse e fizesse o que gostam
 
Durante o embate canso e me recosto
Os vejo exaurir-se do que me reportam
E o céu tingir-se da luz que lhes calam