INQUIETAÇÃO

"Amo-te como se ama certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma". (Pablo Neruda)

INQUIETAÇÃO

Aquele encanto Amor... O nosso encanto!

Onde o colocou Amor já não o vejo?

O olhar, que me arrepia tanto... tanto...

E acende, a louca chama do desejo?

Onde guardaste Amor, teu lindo olhar?

Olhos oliva, áureo farol da estrada!

E o eclipse?... No vértice uno do luar,

Não o vejo mais da minha sacada!

E a alma nossa? Aonde estará a nossa alma?

Já não as vejo mais enamoradas,

Andando pelas ruas de mãos dadas!

Diz, Amor! Desse jeito que me acalma!

Que tu me queres! Que me ama muito mais,

Que de mim... não te esquecerás jamais!

(Edna Frigato)

* https://youtu.be/-dl2sQKy458

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Análise literária do soneto acima, por Renato de

Passos Barros.

23/04/2016 08:03 - RENATO PASSOS DE BARROS

A primeira pessoa do discurso reclama a ausência de seu interlocutor em sua vida e presença da segunda pessoa, no soneto, é marcada pelo vocativo "amor". Em todo o texto, o eu-lírico afirma que não vê mais o encanto desse relacionamento.

Na segunda estrofe, os olhos verdes: "olhos oliva" simboliza a esperança de retorno porque o dono do vocativo ainda faz o eu-poético arrepiar e "acende a louca chama do desejo".

No entanto, o olhar do amado não ilumina mais o seu caminho. Ausentes também as "almas enamoradas" e "mãos dadas" cuja representação metonímia consolidava (no passado) o relacionamento afetivo entre as duas pessoas do discurso.

Na última estrofe, a retomada da esperança de retorno do amado. Daí o título "Inquietação". Belo soneto! Uma Canção de Amigo! De um lirismo medieval cuja característica principal é a inquietação do eu-lírico devido às incompletudes de um querer forte, intenso e frustrado. Parabéns, poetisa, pela bela obra de arte!

Obrigada, grande poeta! OBRIGADA!