CAINDO DEVAGAR...
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 Ao cair do crepúsculo do dia 23 de julho de 2014
                                                 

 

Movia-se a tarde como todas as tardes
mas, não como o Espírito de Deus sobre as águas.
Movia-se, sob o peso de suas mágoas,
águas descrentes, sem silêncio nem alardes.
 
 
Árvore hirta de inverno, como esta tarde.
Árvore erma de espelhos, ar sem raízes,
ar que não se move, nem se deixa inerte
como  cruz feita de água, deus sem matrizes.
 
 
As cruzes na tarde são prédios que se estendem
para cima e ao largo, e assim sufocados
não soltam um único grito, não se vendem
 
 
nem se deixam comprar pelo horror de existir.
Apenas ardem sem dor, à luz do crepúsculo
que cai devagar, mal se deixando sentir.