AS COUTADAS FISCAIS

“À laia de Soneto”

Anda cá, ó Soneto vagabundo

Que andas sempre por aí a traquinar,

E repara como vai o nosso mundo…

Abertos os teus olhos, de par em par,

Descobrirás um mal que é tão profundo

E que não será fácil de estancar!

No cerne deste mal está uma fartura

De vil dinheiro, feito zelador,

E que tende a agravar o seu pendor

Para uma fatal míngua, qual tortura.

Chamam de “paraísos” à conjuntura

E “fiscais” para alguns, no maior valor,

Deixando para muitos a maior dor

Envolta pela pobreza e amargura.

Não são “paraísos”, não, mas sim Coutadas

Nas quais os titulares são predadores,

Que sugam privilégios e favores

Deixando um mar de lágrimas choradas…

Diz-me, ó Soneto - que és livre por demais -

Aos ditos «titulares» não chamarás Chacais?

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 06/04/2016
Reeditado em 06/04/2021
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