AS COUTADAS FISCAIS
“À laia de Soneto”
Anda cá, ó Soneto vagabundo
Que andas sempre por aí a traquinar,
E repara como vai o nosso mundo…
Abertos os teus olhos, de par em par,
Descobrirás um mal que é tão profundo
E que não será fácil de estancar!
No cerne deste mal está uma fartura
De vil dinheiro, feito zelador,
E que tende a agravar o seu pendor
Para uma fatal míngua, qual tortura.
Chamam de “paraísos” à conjuntura
E “fiscais” para alguns, no maior valor,
Deixando para muitos a maior dor
Envolta pela pobreza e amargura.
Não são “paraísos”, não, mas sim Coutadas
Nas quais os titulares são predadores,
Que sugam privilégios e favores
Deixando um mar de lágrimas choradas…
Diz-me, ó Soneto - que és livre por demais -
Aos ditos «titulares» não chamarás Chacais?
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA