Quem me dera

Quem me dera ser um mar, lamberia as tuas areias,

E úmida de meiguice te balançaria em minha onda,

Queria-te correndo pausadamente em minhas veias,

De cima a baixo, de um lado ao outro a fazer ronda.

Quem me dera ser um mar com todo o seu encanto,

Levando-te, trazendo-te com beijo no colo do braço,

E quem me dera caber-te em todo e qualquer canto,

Quisera eu ser tua, da mínima gota ao maior espaço.

Quem me dera ser um mar para comportar teu bote,

Far-te-ia naufrago nos meus quereres, sedes e fome,

Em respiração boca-a-boca que toda alma consome.

Quem me dera ser um mar, e dele fizesse-me o pote,

Tomasse-me por inteira a canudinho, querer negrito,

Quem me dera se no teu viver eu fosse o teu infinito.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 05/04/2016
Código do texto: T5595630
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