Desencanto

"E o luar que desmaia, macerado, lembra, pálido, tonto, esfarrapado, um Pierrot, todo branco, a soluçar"... (Florbela Espanca)

Desencanto

Difícil crer que tinha só traição

Nesse a quem entreguei meu sentimento

E os instantes além do pensamento

Num misto de fascínio e comoção...

Não consigo aceitar que era ilusão

Que o homem que encantou-me com intento

Jogou-me como folha seca ao vento

Rindo dessa cruel desilusão

Incrível que tenha sido armadilha

Pra conduzir-me às raias da loucura

E assim, tornar suja minha partilha

Entretanto, ao amor rendo louvores

A clausura do amor é a doçura

E a morte triunfo: com ou sem flores