Lúgubres olhos, plácidos na dor
Lúgubres olhos, plácidos na dor,
quem por bem pressupor conseguiria
que todo esse penar, essa agonia
nem sempre os aviltaram com vigor.
Após todo o frescor da fantasia,
que dissipou-se junto ao doce olor,
restou-lhes as tormentas e o negror
a esconder o luzir do azul do dia.
Tão alegres aqueles tempos idos
que antes raiavam claros, destemidos...
Têm hoje a abjeção de um maltrapilho!
Olhos opacos, negros, tão desertos!
Neste severo olhar, muito de perto
vê-se que a esp'rança é um tímido e ermo brilho.