PLATÔNICO

Assisti aos derradeiros instantes de tua agonia,

Dos teus lábios ouvi o que sempre quis escutar,

Foram palavras dum amor platônico a navegar

Por entre degraus dum sentimento de nostalgia.

Levei as mãos à face trêmula que me fez gritar

Perante teus olhos quase moribundos e sem cor,

Chorei que chorei e depositei lágrimas de amor

Sobre um corpo inerte que nos ceús iria flutuar.

Beijei tua boca já ressequida pelo palor da morte

E em teus ouvidos mudos confessei ser consorte

Dum medo que me fez durante a vida calar-me...

Em teus dourados cabelos depus carícia tão pura

E senti ser a mais infeliz dentre todas as criaturas,

Pois meu coração ribombava em sinal de alarme!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 03/04/2016
Código do texto: T5594004
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