PLATÔNICO
Assisti aos derradeiros instantes de tua agonia,
Dos teus lábios ouvi o que sempre quis escutar,
Foram palavras dum amor platônico a navegar
Por entre degraus dum sentimento de nostalgia.
Levei as mãos à face trêmula que me fez gritar
Perante teus olhos quase moribundos e sem cor,
Chorei que chorei e depositei lágrimas de amor
Sobre um corpo inerte que nos ceús iria flutuar.
Beijei tua boca já ressequida pelo palor da morte
E em teus ouvidos mudos confessei ser consorte
Dum medo que me fez durante a vida calar-me...
Em teus dourados cabelos depus carícia tão pura
E senti ser a mais infeliz dentre todas as criaturas,
Pois meu coração ribombava em sinal de alarme!
DE Ivan de Oliveira Melo