Jamais Verás
Ainda que anoiteça bem ligeiro,
Que sentes ao meu lado delicada,
Que o peito meu desmanche por inteiro
E tu, no peito teu, não sintas nada.
Que a tua cabeça encoste ao travesseiro,
Que queiras por um outro ser sonhada,
E a minha mente posta em cativeiro
Ao ser na tua lembrança acorrentada.
Ainda que não tenhas sentimento
Por mim, talvez não sobre um vão momento,
Que queiras dar-me amor sem ser espinho,
De mim jamais verás, pois certamente,
Brotar uma palavra da semente
Que não se chame amor ou então carinho.