Perguntas sem respostas.
Quem se vê maltratado, e combatido
Pelas cruéis angústias da indigência
Quem sofre de inimigos a violência,
Quem geme de tiranos oprimido:
Quem não pode ultrajado, e perseguido
Achar nos Céus, ou nos mortais clemência,
Quem chora finalmente a dura ausência
De um bem, que para sempre está perdido:
Folgará de viver, quando não passa
Nem um momento em paz, quando a amargura
O coração lhe arranca e despedaça?
Ah! Só deve agradar-lhe a sepultura
Que a vida para os tristes é desgraça,
A morte para os tristes é ventura.
Bocage.
O Criador nos fez distintos, infelizmente!
Será por que tomou tal decisão?
Nos incutiu dizer que somos irmãos...
Um filho próspero, outro indigente?...
Teve projeto a nossa existência?!
Uns libertos, outros em tanta opressão?
Passaram dois mil anos, e a solução?
Por que, dos Céus, nunca chegou cleméncia?
Milhares sofrem mais que sofreu Cristo
a perguntarem: Deus, por que existo?
Eu sofro pra ganhar o Paraiso?
Também perguntam os que usam terno:
Sou abastado pra depois ir pro inferno?
Neste projeto, acho, faltou juizo!
Josérobertopalácio