Perguntas sem respostas.

Quem se vê maltratado, e combatido

Pelas cruéis angústias da indigência

Quem sofre de inimigos a violência,

Quem geme de tiranos oprimido:

Quem não pode ultrajado, e perseguido

Achar nos Céus, ou nos mortais clemência,

Quem chora finalmente a dura ausência

De um bem, que para sempre está perdido:

Folgará de viver, quando não passa

Nem um momento em paz, quando a amargura

O coração lhe arranca e despedaça?

Ah! Só deve agradar-lhe a sepultura

Que a vida para os tristes é desgraça,

A morte para os tristes é ventura.

Bocage.

O Criador nos fez distintos, infelizmente!

Será por que tomou tal decisão?

Nos incutiu dizer que somos irmãos...

Um filho próspero, outro indigente?...

Teve projeto a nossa existência?!

Uns libertos, outros em tanta opressão?

Passaram dois mil anos, e a solução?

Por que, dos Céus, nunca chegou cleméncia?

Milhares sofrem mais que sofreu Cristo

a perguntarem: Deus, por que existo?

Eu sofro pra ganhar o Paraiso?

Também perguntam os que usam terno:

Sou abastado pra depois ir pro inferno?

Neste projeto, acho, faltou juizo!

Josérobertopalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 30/03/2016
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