Lapso de memória
Eu que fiz renascer nas noites as candeias
As lembranças em forma estável entre as nuvens
Pulsando o sangue, fervia, ebulição nas veias
Enquanto lhe escrevia os versos, mel e polens
Tu: uma abelha então voando em meu céu de jardim
Polinizando o amor em minha solidão
Fazendo a luz da lua um fulgor cor de carmim
Clareando de paixão o negro coração
Fez no peito brotar uma doce esperança
A flor que aquela abelha encravou na memória
Que ressurgiu da brasa acesa com pujança
Sentimento no ardor e gosto em plena glória
Fosse agonia seria essa dor mui querida
Pois pode-se viver feliz co' essa ferida