LUA FÁTUA

Da alta noite a madrugada foge em medo angustiado

Para a aurora ansiosa que a tudo urge iluminar

Risca o céu em negritude um cometa acelerado

Que no manto estrelado tudo tende a encantar...

Cruza a noite qual o fogo dum amor já consumado

Cicatriz que então confirma o tudo que se sonhou...

Corpos soltos ao acaso do fátuo tempo mal traçado

Aonde não haverá nem rastro do tudo que se queimou.

Mãos carentes se aconchegam no mutismo dum silêncio

No cenário evanescente... sempre efêmero a levar

Ao futuro a inocência que acredita que enredos

Se eternizam na ausência do que não pode ficar.

E a lua no infinito da sua fátua adolescência

Já é obsolescência, luz intensa a claudicar...