um pouco de amor
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um pouco de amor é como a água, como o pão
e eu sofro, eu sangro, por não saber amar.
invento um céu, que não é céu; um mar, que não é mar
e nem claros são os brilhos da minha ilusão.
morro, por não saber amar, em solidão
na treva, na lama, no gelo, a cantar
sem voz as noites, as noites mortas de luar
quando a alma, se a tenho, é templo caído ao chão.
um pouco de amor. só uma gota ao lábio duro
que eu vago, eu mirro, nos areais do futuro
nómada sem destino, sem pernas, sem sorte.
é como a água, como o pão, um pouco de amor.
se o fado meu é jejum, se eu vivo por favor,
eis aqui os pulsos, eis, ó gadanha da morte!
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