Afetos indóceis
 
Se a realidade, em maldades ditas pródigas
Até ela, que não me tolera e tanto me desfigura
Que traduz ao que amo em meras descomposturas
Distrai-se e me deixa, como o faz agora
 
Se os infortúnios pairam enigmáticos
Com indecifráveis sinais de aura espessa
Traz lacunas em que me vem à cabeça
Impulsos nesses espaços esporádicos
 
Como inabalável pode ser um gesto
Moldado em formas que desconheço
Se de aço, pedra ou um novo tipo de gesso
 
Como opera o coração e a mente
Por que será que, incólume, não sente
O mínimo espectro desse meu apreço