ICONOCLASTIAS

ICONOCLASTIAS

Ela e eu íamos sós, se bem me lembro,

Quebrar os nossos ídolos de argila:

Ex-votos d'Amor cujo ouro rutila

A muitos n'outro efêmero novembro.

E a estátueta de Vênus que desmembro,

Estúpida se mostra ora à pupila...

Quer álcool; quer veneno, se destila,

Fazendo-me de neófito um ex-membro.

Mas seu grito quebrou o meu silêncio

Tal-e-qual uma pedra a uma vidraça!

Mas eu –- em cada caco que espedaça --

Fui, senão inocente, um Inocêncio...

Tão leviano vacilo em vil lascívia,

Em vão tentando arder-lhe a pele nívia.

Contagem - 21 10 2011