Soneto para a Semana Santa
A tentação da garra transvestida
por uma tez tão cálida e sedosa
alicia a alma pura como a rosa,
que em candura estava adormecida,
a fruir de uma breve e corrompida
monção de regozijo, tão airosa
que soergue os sentidos a uma prosa
co'as grandes maravilhas desta vida.
Mas o fim desses vívidos momentos
é o soturno penar, os pungimentos
que afligem quem no mundo se deleita.
Na Terra eu cultivei gosto e pecado,
mantive o espírito alto e dilatado,
mas a porta do Céu é muito estreita...