Pacto

Estrada enluarada, terra em prata,

Da noite a então rotunda esposa brilha

E o uivo que trauteia uma matilha

Mescla-se ao assobio sobre a mata.

O vulto corcoveia ante à vasilha

E dá-lhe uma fungada longa e grata.

Carneiro, hidromel, bálsamo e tomata

E um farto ramalhete de baunilha.

A esquálida mão rubra e cadavérica

Se apossa da oferenda, e a natureza

Relincha cacofônica—histérica—

Pois fauna e flora sabem que um campônio

Requer fama, fortuna e eterna Alteza

E fecha seu contrato co' o Demônio.

Felipe Tavares Teixeira
Enviado por Felipe Tavares Teixeira em 21/03/2016
Código do texto: T5580709
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