ESPINHO NA CARNE
Perambulando eu vou pela rua,
Pensando em quem me deu o desdém,
Digo ao sol, às estrelas e à lua
Que já não quero amar mais ninguém.
Do mesmo modo que a chuva vem,
Ela se vai e nos ares flutua
E minhas mãos nunca a ela retém,
Lágrimas lavam a minh'alma nua.
Vejo chegar com tristeza o outono,
Já que o verão não me trouxe de volta
Quem me deixou no frio do abandono.
Gélido inverno me causa revolta...
Da primavera a flor já tem dono,
Só o espinho de mim não se solta.