esqueleto

~

o meu esqueleto. que nele penduro

a pele áspera e o sangue ferrugento.

trespassam-no aços do gélido vento

que vem das catacumbas do futuro.

hirto, como a proa que arpoa a tormenta,

ou ao chão curvado, num ângulo obscuro.

eixo da vida que à sorte costuro.

ó, fios de coragem! ó, teia agoirenta!

é farrapos a carne em derredor.

recreio d'unhas. argila ao escultor,

ao Tempo, que molda-me à facada.

e, no reinado dos eternos poentes,

o chão, voraz, parece que tem dentes,

e a alma é um grito, um frémito, um nada!

~

Luís R Santos
Enviado por Luís R Santos em 19/03/2016
Reeditado em 19/03/2016
Código do texto: T5578732
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.