O Espelho
Figura ralé, esfarrapada, cambaleante
Que o povo vê e desviando-se ignora
Foste eminente cidadão em outrora
Hoje serve de escárnio ao transeunte
Ser desprezível, marginal e indolente
Seu vício, é sua mácula denegridora
O medo o recato em sua face aflora
Tornando-a rubro imperceptivelmente
És pesado, triste e cruel o seu fadário
Tens de dia o sol e a noite o orvalho
Como proteção tem simples sudário
Que és o seu único, amigo e agasalho
O qual é para mim um anátema diário
Vejo-o quando olho-me no espelho!
18/03/2016