Trégua da Morte
Fúlguras cores, cintilante névoa.
O céu desdobra-se em mágica arte.
A Morte, tal una malévola,
Aplica à Vida uma injeção à parte:
Injeta-lhe uma porção qual enfarte
E, valendo-se desta ímpar révoa,
Temendo a inspiração de Marte,
Propõe a ela uma justa trégua:
"Vida, para que eu não te inquiete,
Ajusto que, ido o dia sete,
Na tua fase, não mais apareço.
Mas, até o sexto, há de agüentar
A minha sombra a te maltratar
Posto que ponho-te a pagar meu preço!"