O LIBERTO

O LIBERTO

Libertou-me a Princesa dos tão grossos

Grilhões com que oprimia a gente negra.

Por esse dia meu povo se alegra,

Sambando nos terreiros mais nossos.

Ao libertar, libera-se de insossos

Ressarcimentos por rasgar a regra.

Pouco importa se o Império desintegra:

Quem se fartou co'as carnes não quer ossos!

Realeza de rei, nobreza de conde...

Brincam os homens pretos no festejo

À Princesa que ao paço bem se esconde:

-- “Vida longa, oh Alteza, eu vos desejo.

Mas que será de nós ninguém responde!...

Sou livre, não liberto!!! Tende pejo...”

Betim - 30 04 2011