soneto deposto

~

edifiquei-te mil vezes, mil vezes tantas

brioso em meu labor, bêbedo, ufano

dei-te vida com voz, com canto sobre-humano

dei asas ao céu d'amor que'inda cantas

eras do dia, eras da noite soberano

or'amavas pastoras, ora eram infantas

e vertias, pingo a pingo, por melífluas gargantas

e, tu, santo não eras, nem tampouco leviano

sim, eras rei! mas impunhas alto tributo

o teu punho de leis era árduo, absoluto

que noites muitas vi-me prostrado ao chão..

agora, deserta o real manto pela lama

que, que o ceptro já morde e ferra a fama

e o trono, volúvel, transforma-se em caixão.

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Luís R Santos
Enviado por Luís R Santos em 13/03/2016
Reeditado em 13/03/2016
Código do texto: T5572424
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