O poema não cotidiano
O poema não cotidiano
Oh sofrimento cujo cotidiano apaga,
Labuta que finda sórdida e muda,
Desejo a linguagem que me afaga,
Um poesia que me toca surda...
Mas o meu cansaço é só mágoa,
Mágoa de uma vida não cotidiana,
Uma vida que de loucura s'enxágua,
E, em loucura, é mais humana..
Se a vida vier e levar-me,
Que eu alcance o Paraíso amoroso
E atinja a beleza dos ares...
Algo a vida tem para dar-me,
Algo do bom que é gostoso,
Algo que anda aos pares...
(Hugo Proença Simões)